segunda-feira, 27 de julho de 2009

devido a


sou obrigada a fazer

tenho que passar uma féria no

domingo, 5 de julho de 2009

Desculpem lá...


Desculpem lá…
Continua, sem grandes melhoras, o meu estado de saúde. Não vos solicito compaixão mas compreensão. Um dos meus impeditivos é estar sentada à mesa do pc. Outro é que com as grandes quantidades de medicação que tenho e estou, a tomar, sinto alguma dificuldade em me concentrar e desenvolver ideias. Há uma ponta de esperança pela primeira consulta de neuro cirugia, pode ser que me diagnostiquem de facto a causa de tantas dores e incómodos e, haja enfim um tratamento que me ponha, de novo capaz. Até lá, tenham paciência (que a minha já vai faltando!) e não desistem de mim.
Um abraço

Valeu a pena!

Ontem quando fui ao centro de saúde receber mais uma das injecções, reencontrei uma antiga aluna e sua mãe. Depois da conversa breve que tive com elas, regressei com o sentimento de que a minha vida profissional valeu a pena.
Não foram os excelentes alunos que me marcaram mas aqueles que haviam sido rotulados de difíceis, foram esses a quem dei o meu melhor, por quem me esforcei mais, com quem utilizei todos os meus recursos pedagógicos e todas as minhas qualidades humanas que mais me agrada rever e, perceber que fui importante para eles.
Fico ainda mais feliz quando os seus pais reconheceram o meu papel junto deles, que mesmo sem grandes palavras demonstram agradecimento.
Apesar de tudo eu é que agradeço a Deus ter nascido e podido desenvolver as capacidades que me levaram a poder ajudar na formação de tantos meninos e tantas meninas. Não tenho saudades da Escola, há muitas coisas que sinto necessidade de fazer, mas fico feliz porque a minha vida não foi em vão.
Para todos os professores que me estão a ler digo-vos: vale a pena não desistir, vale a pena acreditar e usar a linguagem do coração aliada às mais variadas técnicas! E, se por acaso, algum dos meus alunos hoje me lê, também lhe quero dizer: quanto mais te ensinei, mais aprendi contigo!
Bem haja a vida que me deu tal graça!

Folhas soltas



Quero um arco-íris

Quero um arco-íris na minha túnica tumular
Onde as cores não gritem, mas soem como um saxofone emotivo,
Invadindo o pequeno universo feito de gente que sabe sorrir.

Quero que a minha última vontade se cumpra
Sem condolências, sem lamentos, sem suspiros.
Que cantem, que contem anedotas (se possível sem brejeirice),

Quero?

Não, não quero nada, porque já tive tudo nas minhas mãos
E agarrei a vida como o vendedor de balões,
Oferecendo-os a quem passava por mim,
É provável que alguns tivessem rebentado logo em seguida,
E, outros, que se escapassem dos dedos,
Mas alguns, muitos, penetraram no azul dos dias
E coloriram o céu para que todos os olhassem encantados.

O arco-íris, vesti-o eu sempre.
Talvez seja melhor… deixarem-me ir nua
Para que assim não me engane a mim mesma!

O caminheiro


O medo



O grito foi tão próximo que o gesto instintivo foi o de se baixar e tapar ambos os ouvidos.
Mais do que agudo o grito veio de asas abertas perfurar a intimidade.
Veio vestido de negro. Repetidas vezes. Sacudindo uns restos de raiva que se encontravam no fundo.
Veio dilacerante remexendo na ferida que a alma encrostara.
O coração batia agora num ritmo maior e os passos arrastavam-se vacilantes.
Tivera medo. Um medo gelado que o prendera ao solo.
Depois, quando o grito alcançou o outro lado da lonjura, respirou fundo e reviu mentalmente as qualidades predadoras de todas as aves que conhecia e identificou a espécie e a rota.
Era absolutamente normal que num descampado houvesse aves daquele tipo. Fora apanhado desprevenido, fora o que fora!
Calcou o susto... não o expulsou...
Recordou as histórias terríveis que ouvira em criança em que pássaros gigantescos arrancavam viajantes para os levar a palácios encantados habitados por monstros.
Recordou que era assim que se iniciava mais uma noite de terror que, invariavelmente, terminava em lençóis molhados e o chamamento aflito pela mãe.
Os fantasmas da infância teimavam em aparecer mesmo agora que o seu corpo adulto já se controlava e que o seu raciocínio lógico se explicava.
Lá estava o medo vencendo-o! O medo que o fez aprender a construir muros de defesa, a tornar-se senhor do universo!
Ah não! O caminho seria longo e para isso tinha que se purificar e olhar de frente o inesperado. Como queria ele transpor a linha do infinito se se acobardava ao primeiro grito da primeira ave negra que encontrava?
Ali estava longe das montanhas onde as aves nidificavam, era preciso procurá-las e enfrentá-las, sem isso, continuaria a agachar-se sempre que um par de asas negras se aproximasse.
Procurou uma sombra. Podia ser aquela, encostada às ruínas da ermida sem idade. Tocou-lhe como se lhe pedisse permissão. Estendeu a esteira no chão, bebeu um gole de água, despiu-se da cintura para cima e descalçou-se.