terça-feira, 16 de março de 2010

O Caminheiro


O mergulho total




A sua estrada desaguava numa outra, uma estrada de asfalto, barulhenta e movimentada.
A mudança de ambiente fê-lo estremecer. Tinha-se desabituado a viver naquele alvoroço. Apesar de já ter trepado montanhas e descido a vales, caminhado por areia e rochas, o piso desta nova estrada fazia-lhe doer as pernas e sentir-se cansado. Era demasiado plana!
Pela primeira vez em muitos dias preocupou-se com o seu aspecto. Quem o visse julgá-lo-ia um mendigo, um vagabundo. A barba e o cabelo haviam-lhe crescido desordenadamente e em resultado da exposição ao sol apresentavam um tom amarelecido e baço. A pele estava queimada e seca como se tivesse vivido toda a vida ao ar livre e a roupa esfarrapada e suja. A cor das calças já não se podia adivinhar...
Tinha deixado tudo para trás, agora era completamente anónimo.
Estendeu o braço e pediu boleia. Durante muito tempo ninguém lhe prestou a menor atenção até que um camião de gado parou a uns cinquenta metros à sua frente fazendo chiar horrivelmente os pneus. Lançou-se numa pequena corrida e parando junto da cabina abriu a porta. O motorista era um rapaz gordo e boçal.
- Vou até ao mercado. Queres vir?
- Se fizer favor. Agradeço.
O outro ficou admirado com a delicadeza dele. Com o seu aspecto devia estar à espera de um outro tipo de linguagem.
- Que fazes aqui na estrada? Não me pareces um vadio qualquer! – Disse enquanto punha o camião de novo em andamento.
- Ando em viagem...sem rumo...
- Hum! Trazes pouca bagagem. Foste assaltado?
- Não. Deixei-a para trás. Não era necessária.
- Aposto que és daqueles tipos malucos que têm tudo e só se lembram de experimentar ser pobres!
- Mais ou menos.
- Se calhar nem conheces a cidade para onde te levo!
- Não. Mas isso não me interessa.
- Eu vou lá três vezes por semana. E chega!
- Ainda falta muito?
- Mais hora e meia de caminho. De que é que vives? Tens uma profissão, não?
- Sou jornalista. – Soaram-lhe estranhas estas palavras aos seus próprios ouvidos, há muito tempo que não trabalhava. Nem acreditava já que fosse voltar a sê-lo.
- Ah! Se calhar estás a fazer uma daquelas reportagens malucas sobre a vida das pessoas!
- Não é bem isso... (é mais sobre a minha vida) pensou ele!
- Olha eu cá não entendo como é que um tipo é capaz de escrever tanto. Eu quando tenho que escrever fico completamente estúpido. Não me saem as palavras... eu sei o que quero dizer. Mas escrevê-las... também não leio muito. Os títulos dos jornais... e se forem de desporto! Chateia-me a política, não ligo nenhuma às notícias, quero lá saber quem morreu, quem casou ou quem roubou! Quero é saber da minha vida e, pronto.
- Ele sorriu. Fechou os olhos. A trepidação do camião estava a fazê-lo enjoar.
- Estás mal?
- Um pouco... isto já passa. Não se preocupe.
- Abre a janela e apanha ar.
Foi o que fez.
O estômago vazio parecia acumular rios de espuma. Sentia-a ao longo do esófago, da garganta. Uma acidez incrível! A cabeça andava à roda e só conseguia aguentar com os olhos fechados e o corpo quieto.
O outro continuava a tagarelar, não se apercebendo da realidade do seu estado. Ele tinha a certeza que se tentasse responder largaria o vómito ali mesmo.
Quando entraram na cidade, ele pediu que o deixasse ficar ali mesmo. Agradeceu balbuciante e, logo que pôs os pés no chão, dobrou-se para a frente e vomitou.
O suor cobriu-lhe o corpo inteiro, as pernas tremeram-lhe. Nunca se tinha sentido tão mal!
Quando conseguiu recuperar, respirou diversas vezes com força para tentar acalmar-se mas os cheiros da cidade penetravam-lhe o nariz e sufocavam-no.
Há muito tempo que não comia. E ainda por cima sem dinheiro algum. Todos os seus documentos perdidos. Sentia-se fraco. Só lhe restava pedir esmola. Nunca o fizera, mas agora, era uma questão de sobrevivência. Quando se dirigiu aos transeuntes sentiu o medo deles revelar-se nas esquivas negativas ou nas ofertas apressadas. Nunca ninguém tivera medo dele! Era uma sensação esquisita!
Só a meio da manhã conseguiu juntar uns trocos e entrar num supermercado para comprar pão e água. O segurança perseguiu-o descaradamente. A empregada da caixa mostrou-se irritada por contar tantas moedas e, mesmo assim, mirou e remirou algumas não fossem elas falsas!
Acabou por se sentar num banco de pedra do jardim raquítico ali perto. Mastigou o pão lentamente para que o estômago não reclamasse. O sol pálido veio adormecê-lo.
Acordou sobressaltado ao sentir-se apalpado. Era um velho nojento que tresandava a alcool e a roupa suja.
- Desculpe...
Ele reparou que lhe faltava o livro. Provavelmente ao tirá-lo pensara que fosse uma carteira.
- Desculpe... pode entregar-me o meu livro?
O velho descaradamente e sem sequer se mostrar comprometido tirou-o do bolso e devolveu-o sem pressa. Depois levantou-se lentamente com um riso cínico e foi-se embora.
Ele, ficou ali. Sentado sob o calor morno do sol da manhã. Passou a mão em forma de afago na capa do livro. E quase inconsciente abriu de novo as suas páginas.

“ Para que te eleves ao cume sagrado
Deves descer ao negro abismo
Respirares o seu ar envenenado
E libertares-te do dragão do egoísmo.
É que no doentio pântano fedendo
Encontrarás a essência do teu ser
Só nele lavarás o teu espírito doente
E poderás finalmente renascer”

Leu com dificuldade aquelas palavras, como se cada uma aprofundasse o seu mal-estar. Elas diziam-lhe quem era ele na realidade, e que os seus monstros escondidos, calcados pela educação e pelos preconceitos intelectuais, ainda urravam dentro de si. Ó! Que juízo benevolente sempre fizera de si! Não se lembrava te ter magoado alguém propositadamente, de ter roubado, agredido, invejado, ofendido... mas, na verdade tudo lhe tinha sido dado de graça, fora sempre um privilegiado, nunca sofrera privações, a sua família protegera-o de tudo. Agora estava sendo posto à prova, duramente, tornando-o um indigente numa cidade estranha, tendo apenas como arma a sua inteligência e a sua moral!
O céu cobriu-se entretanto de nuvens cinzentas e pesadas e o vento começou a soprar frio e raivoso. Frio. Não sabia ao certo se ele vinha de fora ou de dentro de si... era inquietante!
Deambulou durante o resto do dia pelas ruas irreconhecíveis e a noite veio apanhá-lo de surpresa na margem de um rio poluído que as atravessava sem música, enquanto luzes da cidade se acenderam sinistras dando forma aos fantasmas, diluindo a materialidade da sua existência.
Uma prostituta aproximou-se dele, já não era jovem, mas o seu rosto tinha ainda vestígios da sua beleza anterior. Olhou-a nos olhos, estavam aureolados de roxo e amarelo, e no entanto eram de um castanho puro, tão doces, que o fez sorrir com simpatia. A voz da mulher, rouca e sem entoação, fez-se ouvir no convite óbvio, ele voltou a sorrir, que tinha ele para lhe dar em troca?
A prostituta percebeu, encolheu os ombros, encostou-se ao muro de costas voltadas para o rio. Puxou por um cigarro, acendeu-o, e ofereceu-lhe. Ele aceitou. Partilhou assim o fumo e o fôlego da sua alma!
Ficaram ali durante muito tempo, sem uma palavra, cada qual guardando o seu próprio mundo. Ainda lhe passara pela cabeça fazer perguntas, como por exemplo o porquê daquela escolha, mas sentiu-se ridículo, tinha a certeza que em breve estaria a pregar-lhe um sermão sobre a dignidade da vida. E quem era ele afinal para o fazer? Acaso tinha o direito de se julgar melhor do que ela? Calou-se a tempo. Um carro parou em frente dos dois, a mulher correu para a janela do veículo e conseguiu o que esperava. Partiu. Antes, porém, olhou-o e acenou-lhe sorrindo. Não era um sorriso feio! Era um sorriso-sorriso feito de simpatia e de cumplicidade. Ele guardou-o como guardava sempre os olhares, as palavras e os gestos que passavam na sua vida.
O corpo começou a sentir a fadiga do dia, e arrastou-o mais uma vez na procura de um abrigo. Encontrou-se num beco escuro e húmido cheirando a restos de comida e a urina de gato. Ajeitou-se o melhor que pode num portal de uma casa em ruínas. O frio voltava a atormentá-lo, não tinha sequer uma manta ou uma caixa de cartão que o agasalhasse. Mas o sono veio, fechou os olhos e adormeceu.
Despertou com dores horríveis provocados pelos pontapés e empurrões de um homem de frágil estatura mas grande ódio. Aquele era o território dele e não estava disposto a cedê-lo a ninguém. Atarantado, desalojou-se do seu coito e arrastou-se para o outro lado com o sangue escorrendo da boca. À socapa mirava o outro que também o vigiava sorrateiramente. A lei do mais forte impunha-se, ele era apenas um recém chegado às ruas, o que sabia ele? Ficou ali encolhido à espera que o rei adormecesse. Um rato passou a chiar e o gato que o perseguia. Nunca mais conseguiu que o sono viesse, para agravar todo o seu corpo lhe doía e a fome desassossegava-o.
Quando a luz da manhã voltou ergueu-se com dificuldade e procurou uma fonte que vira na véspera. Mergulhou a cabeça nela na esperança de aliviar a dores. Depois, já sem relutância, resolveu mendigar o pão daquele dia. Porém as pessoas passavam apressadas e desviavam-se de si. Observou então outros que também por ali vagueavam e reparou como se desenvencilhavam. Estava perto do mercado, por isso não era difícil subtrair com relativa destreza uma peças de fruta para o pequeno-almoço. Comeu algumas avidamente, sem culpas, sem medos.
A meio da manhã começou a sentir a garganta seca e um calor intenso. Depois vieram as tonturas e a fraqueza nas pernas. Sentava-se de vez em quando para respirar, todavia o seu estado agravou-se e a dada altura caiu. Teve consciência de que passavam junto de si, de ouvir comentários maldosos e de desprezo. Quis falar, dizer que não era nada daquilo que estavam a pensar, mas as palavras não saíam do seu cérebro e cada vez mais se perdiam no labirinto do seu pensamento.
Não soube como nem quando o levaram para o hospital mas teve a nítida consciência que estava num. Sentiu o cheiro peculiar desse espaço, as vozes e os gemidos, a corrente de ar, a agulha espetada no seu braço. A imobilidade.
Por instinto levou a mão ao peito. Lá estava o livro, não lho tinham tirado!
- Vamos levá-lo para o serviço – ouviu a voz masculina.
- As camas estão todas ocupadas, doutor – respondeu a voz feminina.
- O tipo não pode ficar aqui. Dá mau aspecto. Levem-no para cima, lavem-no e mantenham-no sob vigilância. Se for preciso dêem-lhe um tranquilizante.
- A febre já baixou. É provável que deixe de ter convulsões. Vou ver o que se pode fazer.
Sentiu-se empurrado por corredores até ao elevador. Não conseguia abrir os olhos, ver quem o transportava daquela forma tão impessoal. Mas afinal o que é que isso importava?
Aos solavancos lá se encontrou um lugar para a maca estacionar. Ficou no corredor da enfermaria dos homens entre a casa de banho e o gabinete dos enfermeiros.
Distinguia o tilintar metálico dos instrumentos, a água correndo de um autoclismo avariado, queixumes de alguém que devia estar no fundo. O que o mais o irritava era não conseguir abrir os olhos! Parecia que as pálpebras estavam coladas, pesadas.
Chegou-lhe ao nariz o aroma de sopa de legumes. Só isso já o repugnava.
- Quer uma sopinha? – disse uma mulher próxima de si.
Abanou a cabeça, negando.
- Vá, tem que comer qualquer coisa, está muito fraco!
Voltou a dizer que não com a cabeça. Os lábios e a língua estavam secos demais para falar.
Sentiu de repente uma toalha húmida esfregar-lhe o rosto. Abriu os olhos. Viu a auxiliar que carinhosamente o tratava. Fez um esforço, entreabriu os lábios sorrindo à laia de agradecimento.
- Daqui a pouco já o levo para o quarto. Agora tem que ficar limpinho e bonito. Vou também barbeá-lo. Vai ver que as mulheres até farão bicha para o ver!
- Obrigado – Conseguiu então dizer.
Por um lado era incómodo sentir alguém estranho lavar-lhe o corpo. Tocar-lhe. Por outro, as mãos hábeis que o viravam com cautela , firmeza e ainda, as palavras amáveis, comoviam-no.
Ela vestiu-lhe um pijama lavado de flanela grossa que talvez fosse azul, talvez fosse cinzento. Penteou-lhe os cabelos gentilmente porque alem de estar muito comprido, estava também terrivelmente embaraçado. Fez-lhe a barba com sabão, o que lhe deixou um certo ardor no rosto, ali não havia luxos! Enquanto executava estas tarefas ia também falando com os colegas de trabalho. A dada altura deixou de a escutar, estava tonto de tantas voltas... quase desmaiou. Quando um maqueiro o veio buscar para o levar ao quarto.
Deitaram-no numa cama acabada de fazer, entalaram-lhe a roupa e ajeitaram-lhe a almofada.
- Agora vai descansar, vou trazer-lhe um pão com manteiga e um copo de café com leite. Amanhã os doutores vêm vê-lo.
- Está – murmurou obediente como um menino. Depois sobressaltou-se e perguntou aflito:
- O meu livro? Viu o meu livro?
- Está aqui, não se preocupe, pegue-o. – disse a mulher retirando-o do bolso da bata. – quer que o ponha aqui em cima da mesa?
- Não, não. Dê-mo por favor!
Assim que ela saiu os doentes da esquerda e da direita ergueram quase em simultâneo as cabeças e observaram-no.
Começaram a tecer comentários. Pareciam entendidos no assunto. Não falavam directamente com ele mas, como se ele ali não estivesse, por isso não foi capaz de esclarecê-los.
O tranquilizante proporcionou-lhe um sono profundo e vazio de sonhos, como já não tinha há muito. Acordou de madrugada. Tudo era silêncio. Uma luz ténue de presença indicava a porta do quarto. O corredor mantinha uma luminosidade fraca. O doente da esquerda ressonava, o da direita proferia palavras indistintas. Tinha vontade de urinar, não sabia que fazer, tinha medo de acordar os outros... ainda tentou erguer a cabeça, mas uma vertigem obrigou-o a recostar-se de novo.
Apertou as pernas. Uma dorzita acentuou-se na zona da bexiga e depois nos rins. Precisava de alguém que o ajudasse! Nunca estivera tão dependente!
Lembrou-se de que havia de existir uma forma qualquer de chamar a enfermeira. Levantou o braço e tacteou atrás de si. Encontrou uma campainha, premiu o botão uma, duas vezes. A espera pareceu-lhe imensa!
A enfermeira afinal veio rapidamente e, quase em segredo, ele disse-lhe o que precisava. Ela pegou num urinol guardado na mesa e destramente abriu-lhe as calças e colocou o seu pénis no recipiente. Ficou envergonhado, não disse nada, mas demorou muito tempo até conseguir descontrair-se e a expulsar a urina. Pensou que a quantidade seria superior à capacidade do urinol e que transbordaria, mas a enfermeira adivinhando o seu medo sossegou-o. Aos poucos foi ficando mais aliviado e a dor desapareceu. Assim que acabou, a enfermeira retirou-se e ele suspirou.
Assistiu ao amanhecer no hospital, ao seu crescendo de movimento e barulhos, enfermeiros, auxiliares andavam numa roda viva para pôr tudo em ordem para a visita médica. Os doentes que se podiam levantar, arrastavam-se de toalha ao ombro, sabonete numa mão e copo de dentes na outra, o pente ia enfiado no bolso do casaco ou do roupão. Passavam por ele sem o olhar. Regressavam e enfiavam-se na cama já feita de lavado.
A seguir veio uma rapariga com um aspirador para limpar o chão. Alguns doentes meteram-se com ela que se ria e respondia às provocações com um ar ligeiramente brejeiro. Parecia que toda a gente fazia o possível para tornar mais leve o ambiente.
Só depois de tomar o pequeno-almoço é que vieram os médicos. Vinham a rir, a falar alto, de vez em quando paravam mais demoradamente junto das camas e reliam os processos, observavam os doentes, faziam-lhes perguntas, sentenciavam:
- Mais dois dias e depois pode ir embora.
- Alta? Homessa você não sabe o que está a pedir!
- Sim senhor. Você pode ir hoje mas, cuidado! Não o quero ver aqui nestes tempos mais próximos! Trate de fazer tudo direitinho...
- Então amigo? É desta vez que vai fazer a desintoxicação? A sua família já não aguenta!
- Quem é este?
- Foi o que chegou ontem.
- Hum! Pneumonia. As análises... não estão mal! Como se chama?
Ele respondeu timidamente.
- Você não trazia identificação nenhuma?
- Perdi a mochila com os meus documentos.
- A polícia disse-nos que andava a vadiar no mercado. O que é que você faz?
- Sou... jornalista.
Vários pares de olhos se fixaram nele com a surpresa. Um jornalista vadio? Sem dinheiro e sem documentos? Fizeram-lhe um inquérito cerrado sobre as razões que o haviam levado ao hospital.
Ele respondeu cautelosamente. Contou uma história simples. Andava a fazer uma reportagem original e acabara por se perder e perder as suas coisas. O médico mais velho ia anotando tudo. Mais tarde confirmaria. Aconselhou-o a descansar e a cumprir as prescrições. Garantiu-lhe que numa semana estaria apto a voltar para a rua.
Ele pediu para telefonar à família. Precisava de roupa, dinheiro e sobretudo de confirmar os dados de identificação que havia dado. Tudo lhe foi concedido com amabilidade. Afinal era um senhor jornalista!
A mãe apareceu no dia seguinte extremamente preocupada, trazia-lhe tudo quanto ele pedira menos os documentos. Fora ao pai que coubera essa tarefa.
Apesar do seu sorriso havia uma censura no seu olhar. Aquele filho nunca lhe dera cuidados na infância nem na adolescência e agora, que era um homem, dava em meter-se à estrada sozinho e sem explicações!
Só ao fim de oito dias é que teve alta. Os pais vieram-no buscar e tratavam-no como um menino, ele sentiu-se realmente constrangido!
A viagem foi toda feita em silêncio e, quando chegou a casa deitou-se na cama e adormeceu.
A mãe entrou pouco depois para lhe ajeitar os cobertores e beijou-lhe os cabelos.
O livro estava escondido debaixo da almofada.

Sem comentários: