terça-feira, 16 de março de 2010

O nascimento de uma flor


1. Rompendo a terra escura

Acordei a consciência de mim quando, imobilizada no quente torrão, me abrigara no meu milagre.
Embora incomodada naquela prisão, eu trazia em mim o registo da liberdade, encontrava-o ainda na minha memória desprendendo-se de uma corola!
Era apenas um começo. Mais um! Por isso decidi utilizar o meu esforço em direcções opostas afundando-me em múltiplas raízes que tacteavam o silêncio e na escuridão procuravam equilíbrios e…me seguravam. Foi dessa parte de mim que saciei de seiva, alimento que me trouxe um novo alor e me fez prosseguir. Depois, absorvendo o ar que chegava até mim, elevei-me em altura, e iniciei o exercício de subir arranhando-me nos grãos de terra áspera que me envolviam.
Eu sabia que esse era o meu destino; por um lado prendia-me a terra, por outro, libertava-me da minha forma inicial.
A distância media-se em tempo, em dor, em ansiedade. O importante era chegar segura e forte ao novo mundo que me receberia. O importante era testemunhar que existia e que viveria de forma material para despertar nem que fosse apenas por um só sorriso.
Faltava-me apenas romper a barreira. E assim… numa madrugada, despontei!

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