domingo, 17 de maio de 2009

Folhas Soltas



Em fúria


Nua de raivas,
Galgando rochedos verdes
Como o vómito dos deuses de aquém-mar.
Eu me solto
Me solto
Sem choros
Em voos planados de poentes a nascentes
Tanto faz
Tanto faz
Porque deixarei de ser limite de mim própria
Ad eterno…

Tenho vontade de me rasgar
Em pedaços incontáveis
Para que a tentação de me reunir seja absurda.

Não quero morrer em pé
Na fila de espera
No balcão da morte asséptica
Quero desfazer-me
E cheirar tão mal que nada possa nascer de mim.

A morte não é um ponto final.
É um bem único,
Um ângulo
Na linha recta
Correcta
Ascética.
É mais, muito mais,
Uma linha que se quebra
Nos escolhos
Do mar perpétuo.

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