domingo, 17 de maio de 2009

Histórias de mim para ti ou Histórias mágicas de reais acontecimentos




O menino zangado



- Não quero!
- Deixem-me, não me apetece falar!
- Quero lá saber!
Que pena! Aquele menino tão bonito, de olhos castanhos tão grandes, falava sempre assim! Zangado com tudo e com todos, gritava constantemente, nada lhe agradava, nunca se lhe ouvia uma palavra simpática!
Os pais, coitados, que tanto o amavam, ficavam envergonhados e desconsolados com aquele feitio e já não sabiam o que fazer para o tornar mais agradável.
Na escola sentava-se sozinho no fundo da sala com ar amuado. Nunca emprestava nada, nunca brincava com os outros, nunca dizia uma palavra gentil a quem quer que fosse. A professora também não sabia o que mais fazer e resolveu chamar os pais para ver se em conjunto com eles descobria a razão daquela zanga, até pôs a possibilidade de o levarem a um psicólogo ou a um médico especialista pois, quem sabe? O menino sofresse de alguma doença do corpo ou da alma e não soubesse como explicar! Além disso ele também estava a ter dificuldades em aprender!
Cabisbaixos, os pais do menino, prometeram fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para solucionar o problema.
No dia seguinte, apareceu na escola uma nova aluna que vinha de outra cidade. Por coincidência, foi parar à turma do menino. A professora recebeu-a com alegria e pediu-lhe que escolhesse o lugar para se sentar, ela como não sabia de nada, e bem-educada, pediu licença e com um grande sorriso, sentou-se mesmo ao lado do menino. Claro que ele nem sequer olhou para ela mas a menina não se deu por achada e ficou na mesma naquele lugar. Até parecia que o sol se sentara à beira de uma nuvem cinzenta!
Passado um bocado, a menina disse baixinho para o menino:
- Olá, eu sou a Rita. E tu, como te chamas?
Ele encarou-a com um ar carrancudo e não respondeu.
Rita admirou-se mas não disse mais nada. Tirou da mochila um passarinho feito de papel branco e colocou-o em cima da mesa.
- É um amigo meu. – Justificou.
Ele encolheu os ombros e franziu as sobrancelhas, a Rita, não voltou a falar com ele nesse dia mas não desistiu. Durante o resto da semana, continuou a pôr o passarinho entre ela e o companheiro.
A curiosidade acabou por vencer a zanga do menino e, uma manhã, não aguentando mais, ele perguntou:
- Porque trazes sempre o passarinho para a escola?
- Ah, ainda não te tinha dito! É um passarinho mágico. É ele que me ajuda em tudo, até nos deveres de casa!
- Estás a gozar! Isso é só um pedaço de papel dobrado!
- não estou, não. Experimenta tocar-lhe. Se quiseres até to empresto hoje. Vais ver como o teu dia te corre bem!
Apesar de desconfiado, ele lá estendeu a mão e tocou no passarinho, e…coisa estranha! Sentiu um calorzinho nos dedos, uma espécie de formigueiro que lhe fez cócegas e, riu. Como era engraçado o seu riso!
Claro que a professora deu logo por isso mas nem se importou, quem sabia se a Rita não estava fazendo um milagre…
Com o tempo a passar, a Rita e o menino tornaram-se amigos. Ele melhorou a olhos vistos, começou a ouvir com atenção tudo o que ela dizia, e ficou muito mais simpático e amável com toda a gente.
Quase no final do ano lectivo, na hora do recreio, a auxiliar veio chamá-los para irem à sala.
Lá entraram eles, de mãos dadas, cansados e suados da brincadeira, na sal estava a professora e os pais do menino que vinham de propósito para agradecer à Rita o que ela fizera pelo filho.
A menina, muito vermelha, respondeu timidamente que não fizera nada de especial, que fora tudo obra do passarinho mágico!
Tanto os pais como a professora não perceberam nada até que viram um pedaço de papel saltar da carteira deles e sobrevoar as suas cabeças, voltando depois a poisar na carteira.
Rita e o menino, olharam-se de forma cúmplice e desataram a rir às gargalhadas. Os seus risos contagiaram logo os adultos e, naquele momento, as preocupações deles desapareceram para sempre.

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