sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril


Já passaram tantos anos e eu nem tenho dado por isso!
Ainda não tinha vinte anos quando nesse dia de Abril acordei para uma nova vida.
Ontem fui a uma escola falar do 25 de Abril, é estranho mas ainda se me embarga a voz quando falo do primeiro dia de liberdade, do primeiro dia em que vi os portugueses acordarem e descobrirem que também tinham voz e podiam orgulhar-se do seu país.
Os meninos da escola que visitei são meninos de um bairro social, os seus pais não sabem muito de política, têm pouca instrução mas, quando lhes perguntei porque era tão importante festejar a liberdade, um deles soube responder-me que antes não havia.
Talvez eles não saibam o que é isso de liberdade e democracia, talvez não entendam ainda que a liberdade é o par de asas que nos deram para poder voar, que esse voo depende apenas de nós mesmos e que a rota que escolhemos é de nossa inteira responsabilidade.
Talvez eles não saibam que a democracia é mais do que ter eleições de tempos a tempos, que é uma maneira de estar na vida, de participar nela, de a construir mas… todos os adultos saberão?
Às vezes fico triste quando sinto a indiferença do povo português quanto à sua cidadania, quando sei que os movimentos neofascistas proliferam no centro norte da Europa e na Itália, que os homens que tiveram sonhos estão calados.
Às vezes assusta-me esta contra volta de pensamentos, preocupa-me os rugidos das hienas prontas a abocanhar de novo o poder, zango-me com a acção dos partidos políticos.
Mas… quando oiço Abril cantado por vozes infantis, o meu coração bate feliz e as lágrimas assomem discretas nos meus olhos.
Há esperança num Mundo Novo! E é isso que Abril nos trouxe!

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