sábado, 18 de abril de 2009

histórias de mim para ti ou Histórias mágicas de reais acontecimentos


O amigo de Carolina



A Carolina é uma menina mais ou menos da vossa idade. Também anda na escola da freguesia, é uma aluna razoável que gosta de brincar mas sabe que dentro da sala de aula é preciso estar atenta para aprender tudo muito bem.
A dada altura começou a sentir-se infeliz porque havia problemas em casa. O pai ficara desempregado e só arranjava trabalho de vez em quando e, a mãe, que andava nas limpezas, passara a trabalhar mais. Carolina tinha um irmão mais velho, mas ele andava na escola da cidade e também estava pouco tempo com ela.
Carolina passou a ficar sozinha em casa, tentava fazer algumas coisas para ajudar a mãe, mas a vida tornara-se muito aborrecida. Um dia, depois da escola, estava ela no quintal, a brincar com a terra, apareceu-lhe um rapazinho que lhe pediu para brincar também. Ela sabia que os pais não gostavam que ela falasse com estranhos, mas o rapazinho tinha um ar meigo e ela aceitou.
Foi uma tarde maravilhosa! O rapaz tinha boas ideias e também lhe ensinou muitas coisas. Disse-lhe que conhecia o mundo todo. Que sabia de meninos que viviam em países onde havia guerra, que tinham fome e medo. Também lhe falou de meninos doentes. Não de doenças como as que ela já tivera que passavam com os xaropes e os comprimidos, doenças a sério, daquelas que até os médicos desconhecem a cura, e de outros meninos que viviam nas ruas, ao Deus, dará! Mas que em todo o lado, os meninos, apesar das suas mágoas, sabiam rir, sabiam brincar.
Quando a noite chegou e Carolina foi para a cama, começou a pensar nas palavras do rapazinho, afinal de tudo ela tinha uma família que a amava, uma casa agradável, podia ir para a escola sem medo de tiros e não tinha doenças. Ficou contente com isso.
Na manha seguinte, ao atravessar a rua para ir para a escola, ouviu um carro que vinha com grande velocidade aproximar-se. Ficou assustada e não conseguiu mexer-se. De repente, apareceu o rapazinho que lhe deu a mão e a puxou para o passeio. Foi tudo muito rápido, ela só se apercebeu realmente do que se tinha passado quando os vizinhos lhe contaram. Ela então perguntou pelo menino, mas ninguém o vira. Levantou os olhos para o céu e, lá estava ele a fazer adeus.
Nunca mais o viu, mas hoje, quando a tristeza ameaça aparecer, ela olha para o céu e lembra-se daquela tarde em que foi tão feliz.

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