domingo, 8 de fevereiro de 2009

Gonçalo Ivo
8. Clara, transparente, fria, tão líquida! A água corre, alegremente e sem sobressaltos de maior por entre pedras conhecidas, redondas e gastas, conhecendo de antemão o seu caminho que só tem um fim. A nossa voz, junta-se a outros fios e engrossa tornando-se numa unidade maior cuja individualidade permanece.
Qual ribeiro, qual rio!
Tal como essa água que nos compõe, nos rodeia, líquido amniótico desde a génese, prossegue pela vida fora, faz parte de nós, mergulhando-nos em mistérios.
A terra suporta-nos, o ar penetra-nos, o fogo incendeia-nos. Mas, a nossa voz-água, acorda o que de mais sublime temos em nós, porque ela é elemento primordial da concepção ao final do destino de um corpo.
Ela deixa que o imaginário flutue acima da existência deixando à superfície a nossa alma.

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