domingo, 29 de março de 2009

Mais uma semana



Mais uma semana e o ramerrame dos dias a impedirem-me de ser mais assídua aqui no blog.
Dediquei dois dias para ir às escolas no âmbito do mês da leitura, faz bem voltar àqueles espaços tão ligados a mim, faz bem voltar a falar e ler para as crianças. Para elas basta um pouco de atenção e um sorriso para se abrirem e corresponderem, mas fico triste com o desânimo que impera no todo que se chama escola. Principalmente o ar cansado e desmoralizado que as minhas colegas trazem estampado no rosto e a sua necessidade de desabafarem.
Sinto que a escola por que tanto lutei está a morrer aos poucos. O domínio político-administrativo sobre elas coarcta os laços e as ideias transformando o professor num funcionário sem asas. Falta-lhes aquela chama que os fazia discutir, de um modo convicto, acerca da coisa comum, a escola em que passavam os dias e as propostas pedagógicas que defendiam.
As crianças hoje estão mais sós. Não no sentido físico, nesse até parece que estão atrelados aos adultos, mas no sentido da sua autonomia, da sua criatividade e da sua comunicabilidade! Tudo é programado, testado, registado como se a vida real fosse assim. Que será delas no futuro? Quando tiverem que se desenvencilharem sozinhas? Sem ninguém para lhes servir o pacote de soluções? Dá ideia que se está a preparar uma geração para servir, sem ser capaz de decidir! Isto não tem nada a ver com teorias de conspiração, mas o medo inflado nelas vai torná-las dóceis, obedientes, moles… tipo animais domésticos! As mais rebeldes tornar-se-ão agressivas, paranóicas ou tiranas.
É isto que a sociedade deseja? Um poder global onde uma elite diminuta controle a grande maioria colonizada? E os mais velhos que se habituaram à liberdade e à acção? Serão, no futuro, considerados agitadores? Personas não gratas? Que lhes farão? Eu por mim já acredito ter um dia que passar à clandestinidade! Se for preciso, morrerei pela liberdade e pela razão, acho que não tenho medo, porque sei que outros como eu continuaremos a lutar por ela. E, como diz o povo, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe!

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