domingo, 8 de março de 2009

Telmo, o marujo

A Ilha do Conhecimento (2ª parte)

Como já referi a Ilha do Conhecimento ficava um pouco mais afastada das outras, era também a mais acidentada, de picos acerados e rocha cinzenta-azulada. Quando aportámos, num porto artificial que se ligava à Ilha por uma ponte de madeira, pude reparar que toda ela, estava salpicada de conjuntos de edifícios muito brancos distantes uns dos outros mas, ligados entre eles por estradas serpenteantes. Aqui e ali podia-se no entanto ver grandes zonas verdes que mais tarde vim a saber tratar-se de florestas e bosques. Esperava-nos um velho com três cavalos pequenos e robustos. Eram cavalos de montanha, habituados a trotarem por veredas estreitas e a escaparem das ravinas. Não eram muito graciosos, mas podíamos verificar a sua resistência e docilidade. Hugo e eu cumprimentamos o velho e, ele deu-nos um animal. O de Hugo era castanho e o meu branco com grandes manchas amareladas. Montámos e seguimos o velho guia sem grandes conversas.
Durante muito tempo espiralamos as montanhas em silêncio, eu bebia a paisagem com uma grande ansiedade, sabia que iria viver ali durante o tempo que fosse necessário para a minha formação portanto procurava sinais que me augurassem o futuro. Quando nos aproximámos do primeiro conjunto de casas, desmontámos e o velho foi tratar dos cavalos combinando com Hugo que depois o viria buscá-lo para o levar de novo até ao porto.
Antes de entrarmos, Hugo explicou-me então que na Ilha havia quatro escolas; a Escola do Corpo Físico, a Escola da Mente Elevada, a Escola das Artes do Espírito e a Escola dos Seguidores. Os alunos como eu, não podiam frequentar de imediato essas escolas, primeiramente tínhamos que aprender as regras, os ensinamentos básicos e desenvolver todas as nossas capacidades e a personalidade de modo a poder escolher com segurança a área de estudos seguinte. Não íamos à escola, porque vivíamos com um Mestre que cuidaria da nossa educação, os companheiros com quem conviveria seriam também participantes na minha aprendizagem, tal como eu seria deles. Achei muito estranha aquela forma de escola mas mais interessante daquela que frequentara no soturno vão da Igreja da minha terra natal.
A grande maioria dos habitantes das Ilhas fazia apenas esta preparação e seguia para as respectivas famílias onde aprenderia as actividades profissionais que lhes agradava, só aqueles que demonstrassem ser especialmente dotados para as áreas que cada Escola desenvolvia, é que ficavam na Ilha do Conhecimento. Ninguém pagava nada pelos seus estudos, todos tinham a possibilidade de prosseguir os estudos desde que fossem capazes.
Fiquei aflito de repente, comecei a ter medo de não corresponder às expectativas dos meus amigos Seguidores. Hugo, afagou-me os cabelos e disse-me que não me preocupasse, que apenas me deveria esforçar em aprender o melhor possível o que me ensinariam, que aos poucos eu entenderia qual era o meu caminho.
Nesse momento, apareceu o Mestre-Tutor com quatro rapazes e três raparigas. Cumprimentaram Hugo e receberam-me com carinho. Entretanto o guia chegou e Hugo despediu-se de mim enquanto eu segui os meus futuros companheiros.

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