domingo, 15 de março de 2009

Vaso de varanda


Que gozo! Que prazer! Os lírios e os narcisos que plantei no Outono, enfeitam e perfumam agora a minha varanda.
A ter antepassados agricultores, estes são longínquos. O único contacto que tive com esta área na minha infância foi com a minha avó paterna, com quem fui criada, com a quantidade de vasos no “cantinho” do terraço mas, o apelo é grande!
Gosto do cheiro da terra, principalmente depois de um dia quente e depois da rega ou de uma chuvada. Gosto de lhe sentir a textura, observar a gradação da cor e encanta-me a ideia de um dia vir a possuir um pedaço dela para cultivar.
Nascida e criada na capital, bem em frente do magnífico Tejo, há coisas que não se explicam, este interesse pelas coisas mas simples, as montanhas agrestes, os campos cultivados, os sólidos e esguios ciprestes ou, as quase humanas oliveiras.
O meu lado capricorniano revela-se aqui, quem sabe se numa vida anterior, a agricultura foi o meu modo de subsistência? Quando se semeia ou planta e se vê crescerem as primeiras hastes verdes, existe como que uma identificação, quase uma parábola de nós mesma. Revemo-nos nesses seres delicados que saem da escura consistência material para se mostrarem mais acima manifestando-se em cor e em cheiro. Procuramos a luz solar, inspiramos o ar e alimentamo-nos de água. Eis os quatro elementos básicos da nossa transformação com os quais nos identificamos de corpo e alma.
O mundo construído de paredes e estradas desaparece, o aqui e o agora é um acto de Natureza e é ela que nos indica os caminhos e as oportunidades.
Mesmo em miniatura, o milagre da vida repete-se num vaso de varanda!

Sem comentários: