quarta-feira, 11 de março de 2009

Telmo, o marujo

A Ilha do Conhecimento (4ª parte)

A estada na Escola do Corpo Físico ensinara-me a utilizar o meu corpo como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do meu ser, numa idade em que todos os rapazes se sentem desconfortáveis com o seu próprio corpo, aprendi a valorizar as modificações e a amá-lo tal como ele era.

Já a barba despontava no meu rosto quando Hugo, o Seguidor responsável pela minha educação, voltou a aparecer e eu soube que estava na altura de mudar para outra escola: a Escola da Mente Elevada. Esta situava-se no cume de uma montanha agreste, organizava-se numa espécie de labirinto, em blocos autónomos onde o branco era a cor dominante. Era uma escola que predispunha os alunos à concentração. Havia bibliotecas, laboratórios, anfiteatros para as conferências e, as paredes interiores, estavam repletas de reflexões escritas. Aqui procurava-se sobretudo descobrir as causas e os efeitos naturais e espirituais do mundo em que vivemos.
Fui recebido com a mesma solicitude com que havia sido recebido nas escolas anteriores. Nos primeiros tempos senti-me bastante ignorante, mas os meus companheiros ajudaram-me a ultrapassar esse sentimento e em breve me nasceu uma vontade séria de aprender o mais que pudesse.
Estudei, amadureci conceitos, formulei dúvidas e procurei respostas para elas. Parecia-me que crescia como se fosse feito de uma matéria elástica distendendo continuamente. Ao mesmo tempo adquiri um respeito por toda a humanidade e pela grandiosidade e complexidade do universo. Foi aí que me apaixonei pela sábia construção dos mundos e me tornei mais humilde. A humildade que ensina a encurtar os passos para que estes sejam firmes e seguros, a atingir o conhecimento sem excitação e foi com essa serenidade que aprendi a ser cúmplice da Criação consciencializando-me da presença do Grande Construtor.
Nessa altura entendi que o meu caminho passaria pela aprendizagem da medicina. Os Mestres concordaram com a minha escolha e animaram-me muito a conseguir uma formação bastante sólida nesta área. Os médicos aprendiam tudo o que se relacionava com vida, desde os aspectos fisiológicos, aos mentais e espirituais. Também aprendiam a utilizar e a fabricar os medicamentos naturais que ajudavam a recuperar a saúde.
Quando acreditei que estava apto pedi a Hugo que me viesse buscar pois, sabia que não estava destinado à Casa dos Seguidores. Quando ele chegou, foi com espanto que recebi a indicação de que me faltava ainda frequentar uma outra Escola: a Escola das Artes do Espírito. Hugo explicou-me que era necessário desenvolver também essa vertente do Conhecimento para que a minha formação ficasse completa. Acedi porque nunca me passou pela cabeça pôr em causa o plano educativo que os Seguidores haviam decidido para mim e, fiz bem!
Depois de termos trilhado um caminho traiçoeiro cheio de ravinas, desci a um dos vales. Ao longe, quando divisei as enormes construções do local senti um embargo na garganta e um turbilhão de emoções dentro de mim.

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