sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Rubens Gerchman
Alguns vêem estrelas nos olhos
E caminham ao som do vento.

Outros, na rota do deserto
Bradam e arrastam-se no lamento.

Alguns têm o olhar brilhante,
Iluminam a estrada,
Desfraldam a bandeira berrante
Sempre que vencem, em cada passo, o nada.
De harmonia com o tempo,
Trazem em gloriosas taças
O sémen do advento,
O elogio da sua raça.

Outros, no seu deserto
Cegam-se pela poeira.
Nunca chegam a estar perto,
Caem e levantam-se a vida inteira.
São os derrotados, os enlutados,
Estéreis, escondem-se temerosos.
Passam sem serem notados.
Não são belos...nem horrorosos.

E nós?

Olhamos
E ficamos mudos de olhar e de voz!

Sem comentários: