domingo, 4 de janeiro de 2009

E ela disse...


Quando, a mão do Criador desviou a cortina do abismo, sentiu-se só! Tudo era um enorme vazio!
Então pensou que, sendo Ele Quem era, deveria ser omnipotente e omnisciente, portanto, podia criar todas as formas de vida que entendesse.
Vibrou.
E, nessa vibração, separou-se de si e tornou-se dois.
Deu a uma das partes, o nome de Deus e, à outra parte, o nome de Alma. Cada uma delas era a outra, e repartia entre si, as duas polaridades do Criador.
Deus foi o Um, o número da origem de tudo, Aquele que gera e produz a energia.
A Alma passou a ser o Dois, o número que concretiza as ideias, aquele que torna possível a materialidade da essência.
Olharam-se.
A consciência que os separava também os unia e, ambos resolveram mover-se num movimento giratório, tão forte e intenso, que originou uma nova forma: o Três. O número da inquietação e da projecção.
Dessa continuada união cósmica e divina, amorosamente enlaçada, nasceu o Universo.
Em cada recomeço, em cada reencontro, foram surgindo as estrelas, os planetas e todos os corpos celestes que encheram o abismo.
Com o seu sopro, todos os elementos foram empurrados e espalhados, preenchendo vazios.
Com o seu fogo, os mundos foram preparados para se tornarem também eles mesmos, construtores de mundos.
O suor de Deus e da Alma, salpicou alguns dos planetas e a água maternal fez parte deles.
Por fim, as poeiras assentaram e formaram o solo consolador e seguro.
Em cada mundo nasceu a vida.
Foi chamado a este acto final, o Quatro. O que estabiliza, o que se torna sólido.
Ambos se emocionaram. As suas respirações foram acalmando e, serenadas, as suas mentes, adormeceram. Tudo estava criado.
Pensaram Eles!
Mas o Quatro revoltou-se com a imobilidade.
Ele tinha também o poder de criar porque era feito das duas partes e nele residiam a Força, o Amor, a Projecção e a Concretização.
Movendo-se, arrancou do seu centro o ponto mais obscuro e fez nascer o Cinco.
O Cinco tomou a forma humana, ele possuía em si o material e o imaterial da Criação. O impulso da União e o impulso rebelião.
O sofrimento nasceu dessa incessante procura das partes porque era um ser híbrido que não se identificava apenas com uma nem com outra.
O sono de Deus e da Alma passou a ser perturbado pela presença do Homem.
Deus quis esmagar aquele ser, mas a alma, materna e subtil sugeriu outra forma de o sossegar.
Em silêncio, porque só as grandes coisas, são feitas de silêncio, tocou ternamente no Homem e dele separou-se o Seis.
O masculino e o feminino eram a reprodução dos seus Pais Divinos.
A harmonia do Seis permitiu que o Cinco se pacificasse e se recolhesse no seu colo.
O Homem procurava a Mulher como Deus procurava a Alma. A Mulher encontrava no Homem o que a Alma encontrava em Deus.
A tarefa da criação estava completa e Deus e a Alma, o Homem e a Mulher, adormeceram na concha dum e de outro. Respirando na mesma cadência e sonhando os mesmos sonhos.
Em todos os mundos houve alterações mas eu só sei notícia deste.

2 comentários:

João Barbosa disse...

bem-vinda à blogosfera. estou de olho em ti. beijinhos

João Barbosa disse...

já pendurei o teu blog lá na lista :-)